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TEXTO PUBLICADO NO BLOG MENTE DESPENTEADA NO DIA 23 DE OUTUBRO DE 2014

PRAVI/Faro resgatou cães

em situação dramática

na Horta da Areia

Poucos dias depois da entrada em vigor da lei que criminaliza os maus-tratos a animais de companhia em Portugal, Faro foi ontem palco de um episódio dramático envolvendo animais: cinco cães foram resgatados do bairro social da Horta da Areia em condições deploráveis: desnutridos, muito magros, cobertos de pulgas e carraças. Os voluntários do Núcleo de Faro da PRAVI, em conjugação de esforços com a veterinária municipal e os bombeiros da cidade, encontraram ainda um sexto cão já sem vida, e um dos resgatados acabou por morrer hoje no Centro Veterinário da Estação, para onde todos tinham sido transportados.

 

De contornos especialmente dramáticos, este é, no entanto, apenas mais um caso de negligência, maus-tratos e abandono de animais, que mesmo tendo “donos” ficam entregues a si mesmos, muitas vezes passando fome e resistindo estoicamente a tantas outras privações. Na luta contra este flagelo, a PRAVI de Faro tem desenvolvido um imenso e meritório trabalho, contando sempre com o apoio da autarquia e de muitos cidadãos incapazes de ficar indiferentes a cenários como este. Agindo sempre no sentido de garantir a prestação de cuidados médicos aos animais abandonados e errantes que encontram doentes, os voluntários da associação não poupam esforços na promoção da adopção de todos os que, depois de devidamente observados e cuidados, estão finalmente em condições de ter uma família.

 

Os meios disponíveis são, no entanto, sempre muito inferiores à garra e à vontade de intervir desta e de várias outras associações que operam a este nível na região, que não raras vezes esbarram na falta de espaço e de voluntários para acolher e ajudar mais animais, e principalmente de verbas capazes de assegurar a prestação dos cuidados necessários aos animais que vão sendo resgatados. A (sobre)viver de donativos, associações como a PRAVI estão de mãos e pés atados numa luta que é diária e desigual, e quando surge uma situação com a dimensão e a carga dramática da agora conhecida na Horta da Areia é comum surgirem apelos a novos contributos. Assim, quem puder e quiser apoiar financeiramente estes animais e a PRAVI de Faro pode contactar a associação, através do e-mail faro.pravi@gmail.com, e fazer um donativo, utilizando os dados seguintes:

 

NIB: 0033.0000.45415941649.05

IBAN: PT50. 0033-0000-45415941649-05

SWIFT/BIC: BCOMPTPL 

 

Como o Mente Despenteada oportunamente noticiou, no final do mês passado os deputados municipais eleitos pelo PSD para a Assembleia Municipal de Faro apresentaram uma moção pela defesa dos direitos e do bem-estar dos animais no concelho, elencando medidas a adoptar para proteger todos os animais de companhia e principalmente os que vivem nas ruas. O documento foi aprovado por todos os partidos representados na Assembleia Municipal, com excepção da CDU, que preferiu abster-se. Marta Correia, deputada social-democrata naquele órgão e activista pró-animal, fez nessa altura o relato da reunião na sua página de Facebook, tornando público o texto da moção apresentada pelo PSD, que defende, entre outras medidas, a criação de um centro oficial de recolha de animais, e que poderá ser consultado aqui.

 

SITUAÇÃO NA HORTA DA AREIA NÃO É NOVA

 

As medidas sugeridas pelos deputados do PSD na Assembleia Municipal visam combater a existência de situações como a que agora ocorreu no Bairro da Horta da Areia, mas fontes ligadas a uma associação de apoio à causa animal explicaram ao Mente Despenteada que o problema naquele bairro social está longe de ser novidade. Construído na década de 1970 com o objectivo de realojar pessoas provenientes das ex-colónias portuguesas em África, o conjunto habitacional, situado junto ao Cais Comercial, é hoje ocupado maioritariamente por cidadãos portugueses, muitos de etnia cigana, e são também muitos os animais, principalmente cães, que vivem naquele lugar. “Há muitos no estado destes que agora foram resgatados, mas há outros que vivem acorrentados, cheios de pulgas e carraças, e muitos escondidos do olhar de quem passa, dentro das casas”, disse ao MD uma fonte que pediu anonimato.

 

Defendendo uma intervenção profunda das autoridades no bairro, a mesma fonte deixou evidente a sua convicção de que, “mesmo que fossem retirados todos os animais que vivem ali naquelas condições, em poucos meses haveria outros tantos a viver lá, exactamente da mesma forma. Isso já aconteceu”, frisou. “Várias associações já resgataram animais que viviam sem condições naquele bairro, e todos eles foram rapidamente substituídos por outros”. Além do resgate dos animais negligenciados e em risco, deve ser levada a cabo uma política de sensibilização forte e atenta, com aplicação de coimas aos prevaricadores e com penas efectivas de prisão nos casos em que tal se justifique, afirmou o mesmo activista. Um canil, acrescentou, poderia resolver alguns problemas, mas não todos. “A sensibilização é fundamental, a par de uma política rigorosa de punição dos responsáveis pelos maus-tratos aos animais”, vincou.

 

TEXTO: CARLA TEIXEIRA | FOTOS: PRAVI/FARO

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