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Quando espreito para dentro de mim é uma multidão que vejo. Uma multidão doida, em fúria, gritando. Eu grito demais. Choro demais, desespero demais, vivo e revolto-me demais. Sofro demais. Tudo o que quero é para ontem. Esperar é um verbo que desconheço, que ultrapasso na ânsia dos dias. Dou-me demais, exijo demais dos que me tomam as horas, e sinto tudo à flor da pele. Demais. Penso demais, preocupo-me demais, pergunto demais, amo demais. Ponho-me, por inteiro, em tudo o que faço, e quando me dou é sem medida, intensa e desesperadamente. Vivo demais, e há quem me sinta definhar. Sonho demais, e há quem me sinta desperta e atenta. Dou demais, e há sempre quem ouse exigir o que não dei. Quando me magoo, magoo demais. E se me magoam, dói demais. Em tempos perdoei demais, esqueci demais, sorri demais. E hoje penso que fui benevolente demais. Que houve quem não merecesse um sorriso meu e tivesse levado cabazes deles. Que houve nuvens negras que atravessei sem me sentir fraquejar, e sem largar da mão os que me seguiam, inquietos pelo avanço das ondas de um mar em turbilhão. Fui fiel demais, leal demais. E depois, em virtude dessa forma de ser e de estar, fui traída demais, enganada, defraudada demais. Hoje sou feliz (e não é demais), porque já penei demais. Já dei demais, sem pedir nada em troca. Já chorei demais, sem retorno das lágrimas largadas ao vento e na sombra. Hoje mereço ser quem sou, e tenho orgulho em mim. Terei defeitos, por certo. Demais! Mas sei que onde passo tenho amigos – e inimigos, que ser consensual é pouco estimulante – e sei que onde mexo deixo marca. Sou tudo e sou nada, sou o vento e sou a árvore que ele atira ao chão. Sou o fogo que queima e a água que apaga as chamas. Sou a liberdade, sem grilhões que me prendam, sem mordaças que me silenciem. Mas sou também o silêncio, a solidão e o pensamento. Sou mente despenteada. Demais…

 

Sou demais...

"Sou o fogo que queima e a água que apaga as chamas"

Perfil

 

NOME

Carla Teixeira

 

DATA DE NASCIMENTO

26 de Junho de 1976

 

SIGNO

Caranguejo

 

CLUBE DESPORTIVO

Futebol Clube do Porto

 

COR PREFERIDA

Preto

 

MAIOR ORGULHO

Família

 

MAIOR CONQUISTA

Amar.

 

MAIOR SONHO

Deixar o mundo melhor do que o mundo que encontrei

 

AQUILO EM QUE ACREDITO

Na força interior das pessoas

 

COISAS QUE ME FASCINAM

Paz. Respeito. Amizade. Gratidão. Carácter. Inteligência. Humor. Sinceridade. Harmonia. Amor. Sorrisos. Bebés. Sorrisos de bebé. Gargalhadas de bebé. Animais.

 

COISAS QUE NÃO SUPORTO

Falta de humor. Desamor. Falta de carácter. Arrogância. Mentira. Ingratidão. Maldade. Violência. Dor. Falsidade. Falta de respeito. Racismo. Maus tratos a animais. 

 

SONHO DE CONSUMO

Poder proporcionar a felicidade dos que amo sem ter de pensar no preço desse investimento.

 

SOU INSEPARÁVEL

Das minhas memórias!

 

Dizem que sofro de um transtorno obsessivo compulsivo...

 

Talvez seja verdade. É verdade que gosto de arrumar as coisas à minha maneira, e que me irrito se alguém altera a ordem que estabeleci. É verdade que sou capaz de perder manhãs, tardes ou dias inteiros a arrumar uma divisão da casa ou mesmo um simples armário. É verdade que gosto de simetrias, de medir espaços para que fiquem simétricos, de arrumar coisas em caixas. Gosto de caixas. Compro muitas caixas, daquelas decoradas e bonitas, e meto tudo em caixas. Depois arrumo as caixas, por tamanhos e por cores, nos vários móveis ou em determinados recantos da casa. Arrumo os livros por tamanhos e cores, e os CD e DVD por ordem alfabética. Arrumo a roupa por tipos e por cores nas gavetas. As camisolas quentes vão para um lado, as mais frescas para outro, as de manga comprida ficam numa gaveta, as de manga curta vão, claro, para outra, as cuecas e as meias são dispostas por cores, os tops e os soutiens em degradé...

Quando estendo a roupa também uso molas de tipos e de cores diferentes, consoante o estendal em que as utilizo e o fim para que as utilizo: no estendal interior, que tem cerdas mais grossas, uso molas maiores; no estendal exterior, porque tem corda mais fina e se cair alguma peça lá abaixo nunca mais a vemos, uso as molas mais pequeninas e mais fortes. As azuis são para a roupa do marido (quando não são suficientes uso também as verdes), as vermelhas são para a minha roupa (e se não chegarem uso depois as molas pretas), as amarelas para a roupa de casa. Estendo sempre as meias aos pares, e detesto encontrar meias solteiras, que nunca guardo nas gavetas enquanto não encontrar o par. Também organizo as coisas do marido. Peças de roupa que ele arruma "nos lugares errados", cadernos e livros que deixa espalhados na secretária ou no balcão da cozinha quando acaba de estudar, as bicicletas e os capacetes, as ferramentas e afins.

Quando saio à rua e levo carteira, toda a gente se ri da minha organização: tenho um arrumador de carteira, que permite ter sempre tudo muito arrumadinho lá dentro, e bolsas para tudo: para os óculos, para o rádio do carro (que ouço sempre no volume 19 ou 21), para o telemóvel, para os blocos de notas, porta-cartões, carteira para as notas, carteira para as moedas, bolsa para o auricular do telemóvel. Os bolsos da própria carteira têm utilizações pré-definidas: um para as chaves de casa, outro para as chaves do carro, um terceiro para o leitor de mp3, outro bolso para os elásticos e molas de cabelo, etc. e tal. E quando vamos às compras registo sempre as coisas por tipo e função (os detergentes todos juntos, os alimentos noutro grupo, cada coisa em seu saco, sem confusões nem misturas). E compro sempre sete maçãs. Nem seis, nem oito. Sete sempre. E sete tomates, sete cenouras, sete batatas...

Gosto de constância, de tudo sempre na mesma. Não gosto de trocar as partes de trás dos brincos, mesmo que sejam exactamente iguais. Não gosto de trocar carregadores e cabos USB dos aparelhos (telemóveis, câmaras fotográficas, leitores de cartões), mesmo que sejam exactamente iguais. É a minha organização e dou-me bem com ela. É graças a este sistema organizativo que raramente esqueço de onde coloquei determinada coisa, e que mesmo de olhos fechados meto a mão na carteira e encontro em segundos aquilo de que preciso. Terei um transtorno obsessivo compulsivo? Talvez tenha. "É provável", pensam vocês. "É maluquinha", pensarão também. Sim, talvez seja. Mas sou assim e gosto. Gosto do meu esquema organizativo, gosto das minhas manias, gosto das minhas rotinas. Gosto de saber com o que conto e fico muitas vezes de pé-atrás com surpresas, mesmo que depois se revelem boas. Sou como sou. E quem não gostar da pinga... que mude de tasco! :)

 

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