top of page

PROGRAMA DE SIMPLIFICAÇÃO ADMINISTRATIVA E LEGISLATIVA

Mais simples era complicado...

 

Reduzir a burocracia, promover o empreendedorismo e facilitar o acesso a todos os mercados são alguns dos objectivos a integrar numa política de PME, e também os objectivos essenciais do Simplex 2007, que o Governo pôs em marcha em Janeiro, e que afecta cidadãos e empresas.

 

CARLA TEIXEIRA

 

Permanecer na mesma escola sem renovar a matrícula, concorrer à universidade ou marcar uma consulta no hospital por via electrónica, fazer uma reclamação fiscal ou pedir a reforma pela internet são algumas das medidas que o Programa Simplex tornou possíveis à generalidade dos cidadãos portugueses. Para as empresas é também possível consultar gratuitamente o «Diário da República», iniciar, alterar ou cessar uma actividade económica através de uma declaração electrónica, criar uma associação em apenas uma hora, constituir uma sociedade sem ter de realizar uma escritura, iniciar a laboração sem necessidade de licença prévia e fazer despachos portuários de uma forma mais rápida. A edição 2007 do Programa de Simplificação Administrativa e Legislativa foi anunciada em Janeiro.

De acordo com a tutela, o nível de execução do Simplex 2006 foi de 84 por cento e entre Janeiro e Abril o seu congénere para este ano terá chegado aos 74 por cento. Números avançados em Maio pelo ministro da Presidência, que os concretizou com o facto de 19 das 27 medidas previstas para aquele período terem sido concluídas, duas parcialmente concluídas e as restantes transitado para os meses seguintes. Pedro Silva Pereira acrescentou a sua convicção de que “o Simplex continua em bom ritmo” e destacou que o posto público on-line dos serviços das Finanças e de algumas juntas de freguesia foi usado por cerca de 30 mil pessoas para a entrega das suas declarações de IRS em formato electrónico.

Até final do ano, adiantou a secretária de Estado da Modernização Administrativa, Maria Leitão Marques, deverá ter lugar a divulgação de dados relativos a quanto vai poupar o Estado com cada uma das 235 medidas previstas no Simplex 2007. No que diz respeito aos efeitos práticos da implementação da medida, o presidente da direcção do IAPMEI, Jaime Andrez, acredita que, na área das pequenas e médias empresas o Simplex, “já mudou imensas coisas”. Sublinhando a ideia de que, para o tecido empresarial, “a burocracia tem um custo em tempo, dinheiro e perdas de oportunidades”, o responsável explicou que “menos burocracia equivale à redução dos custos e do tempo” de efectivação de determinados negócios.

 

PONTOS EMBLEMÁTICOS

 

O Simplex 2007 integra 235 novas medidas de simplificação correctiva. Das acções previstas 149 dirigem-se aos cidadãos e as restantes às empresas. O objectivo é a criação de serviços que facilitem a interacção das entidades individuais e colectivas com a Administração Pública. Balcões como o «Perdi a Carteira», onde poderão ser recuperados todos os documentos pessoais de uma só vez e num único local (em caso de roubo, por exemplo), ou o balcão de «Sucessões e Heranças», onde serão agregados todos os serviços a executar após o falecimento de um familiar, são inovações que prometem destacar-se de entre o rol de medidas aprovadas.

REPORTAGEM PUBLICADA NO JORNAL «O PRIMEIRO DE JANEIRO» EM JUNHO DE 2007

SELECÇÃO SIMPLEX

20 MEDIDAS EM DESTAQUE

 

– Registo centralizado de licenças e autorizações prévias: instituir um sistema de registo de todas as licenças, autorizações prévias e condicionamentos similares, disponibilizando informação on-line gratuita sobre aqueles procedimentos;

 

– Balcão «Perdi a carteira»: facilitar a emissão de um conjunto de documentos de identificação dos cidadãos perante a Administração Pública, designadamente em caso de roubo ou perda, associando, na primeira situação, os procedimentos de formalização de queixa às autoridades;

 

– Eliminação das certidões para serviços públicos: promover a comunicação entre serviços para eliminar a necessidade de fazer prova num serviço de informação que está disponível noutro;

 

– Procedimento legislativo electrónico: desmaterializar o procedimento legislativo através do uso da assinatura electrónica qualificada em actos formais constitucional e legalmente exigíveis para aprovação, promulgação, referenda, fiscalização e publicação de diplomas;

 

– Queixas electrónicas às forças de segurança: criar um balcão virtual único para o atendimento e apresentação de queixas, peça central de um portal de segurança em que os cidadãos possam aceder a informação relevante naquela matéria;

 

– Sistema de localização de cidadãos portugueses no estrangeiro: desenvolver, no Ministério dos Negócios Estrangeiros e no âmbito da criação do Gabinete de Emergência Consular, um sistema de informação que permita saber, em tempo real, o número de portugueses em países estrangeiros;

 

– Aposentação on-line: permitir requerer pensões e outras prestações sociais em formulários electrónicos disponíveis no site da Caixa Geral de Aposentações;

 

– Posto público on-line nos serviços de Finanças: projecto-piloto de disponibilização nos serviços de finanças de postos de internet com assistência aos contribuintes;

 

– Casa Pronta: agilizar o processo de compra e venda de casa, sem formalidades e de modo a que os actos se realizem num só balcão nas conservatórias de registo e nas lojas do cidadão;

 

– Balcão integrado Sucessão e Herança: concentrar os principais actos ligados ao falecimento de uma pessoa num balcão nas conservatórias de registo ou nas lojas do cidadão;

 

– Regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial: simplificar e flexibilizar os processos de ordenamento do território por via da revisão do Decreto-Lei 380/99;

 

– Instalação de gás e combustíveis líquidos: rever o regime de inspecção daquelas instalações, simplificar procedimentos e entidades intervenientes nas avarias ou na interrupção de fornecimento, criação de um sistema de supervisão das inspecções e entidades inspectoras, uniformizando procedimentos, aumentando a credibilidade e a qualidade das intervenções;

 

– Fileira Vitivinícola On-line: simplificar e desmaterializar os procedimentos ligados ao sector vitivinícola;

 

– Janela Única Logística: criar uma janela para o Sistema Marítimo-Portuário e para o Portugal Logístico, centralizando numa plataforma a informação e documentação relativa às várias entidades que actuam na cadeia logística;

 

– Boletim de trabalho e emprego: reestruturar o «Boletim de Trabalho e Emprego», tornando-o mais acessível ao cidadão através da consulta on-line, terminando com a sua publicação em papel;

 

– Consulta a tempo e horas: alargar a todos os hospitais públicos o projecto de um sistema electrónico de pedidos de marcação, pelos centros de saúde, de primeiras consultas de especialidade nas unidades hospitalares;

 

– Cartão electrónico de aluno: generalizar o seu uso, permitindo a sua identificação, controlo de acessos e realização de pagamentos na escola;

 

– Inserção profissional dos diplomados pelo Ensino Superior: disponibilizar on-line e de forma não personalizada dados sobre a inserção dos diplomados no mercado de trabalho;

 

– Portal da Cultura: agregar informação e disponibilizar serviços hoje dispersos das entidades públicas e privadas com relevância em termos culturais;

 

– Recenseamento militar: definir um novo modelo de recenseamento, que respeite o princípio de só solicitar ao cidadão a informação estritamente necessária ou que não esteja na posse de nenhum serviço do Estado.

CASA PRONTA ELIMINA FORMALIDADES DA TRANSMISSÃO E ONERAÇÃO DE IMÓVEIS

Poupança pode atingir os 500 euros

 

É porventura a mais emblemática medida do Simplex 2007 destinada ao cidadão. O projecto Casa Pronta, alvo de uma experiência-piloto em cinco concelhos, estará disponível em todo o País ainda este ano, permitindo poupar até 500 euros nas taxas de compra e venda de habitação.

 

CARLA TEIXEIRA

 

Foi aprovado na reunião do Conselho de Ministros da passada semana o projecto Casa Pronta, uma das 235 medidas do Simplex 2007 que mais afecta os cidadãos, na medida em que visa simplificar os procedimentos tendentes à compra e venda de habitação, eliminando algumas formalidades na transmissão da propriedade dos imóveis e na oneração do processo, prevendo uma redução superior a 30 por cento sobre as actuais taxas. Actualmente quem compra casa com recurso ao crédito tem uma despesa média de 947,83 euros, acrescida de impostos. No entanto, à luz da nova iniciativa, os compradores de imóveis passarão a pagar só 650 euros, sem ter em conta as obrigações fiscais. Já os cidadãos que optarem pela compra de casa sem recurso ao crédito bancário, e que hoje têm encargos na ordem dos 557,18 euros, poderão pagar apenas 350 euros no novo sistema. Apesar destas contas, o Estado garante que a poupança poderá chegar aos 500 euros.

No final da reunião em que foi aprovada a medida, o ministro da Justiça recusou adiantar mais pormenores sobre os cinco municípios em que deverá avançar desde já a experiência-piloto, mas asseverou que, até ao final deste ano, todo o território nacional estará coberto pela medida. De acordo com Alberto Costa, o Casa Pronta deverá permitir a concentração de todos os procedimentos e actos necessários à compra de casa num único local, que poderá ser instalado em conservatórias do Registo Predial, nas extensões daqueles serviços ou nas Lojas do Cidadão das localidades aderentes. Nesses balcões, com recurso a um atendimento presencial único, os cidadãos poderão percorrer as diversas etapas do processo de compra e venda de habitação, investindo também menos tempo na sua resolução.

Em comunicado, o Conselho de Ministros adiantou ainda que, “com o Casa Pronta, os cidadãos e empresas interessadas passam a poder realizar um vasto conjunto de actos em atendimento presencial único, que antes implicavam deslocações a diferentes entidades”. No novo balcão deverá ser possível fazer a celebração do contrato de alienação ou oneração do imóvel, perante um oficial público, pagar as obrigações fiscais devidas – o Imposto Municipal sobre as Transmissões Onerosas de Imóveis –, obter a realização imediata de todos os registos, pedir a alteração da morada fiscal e submeter o pedido de isenção do Imposto Municipal sobre Imóveis. Alberto Costa referiu que o modelo de expansão deste projecto seguirá de perto o figurino do alargamento do serviço Empresa na Hora, que actualmente se encontra disponível em 60 municípios do território nacional.

 

RECOMENDAÇÕES...

 

A Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação reagiu à apresentação do Simplex 2007 com um reconhecimento do “esforço” que o programa demonstra “no sentido da criação cada vez mais acelerada de serviços electrónicos transaccionais orientados aos cidadãos e agentes económicos”. Não obstante, e mesmo tendo em conta o “elevado número de iniciativas verticais” de departamentos ou ministérios, a APDSI considera que ainda é pouco expressivo “o número de iniciativas interdepartamentais e interministeriais orientadas à resolução de necessidades básicas dos cidadãos e das empresas, capazes de aproveitar em pleno a plataforma de interoperabilidade ou de serviços comuns”.

De acordo com a associação, o aumento do número de iniciativas departamentais isoladas, não baseadas na criação e na partilha de repositórios comuns de dados, corre o risco de desencadear uma multiplicação de silos, que levará à “proliferação de representações redundantes de entidades informacionais, com efeitos perversos a médio e longo prazo na qualidade da informação e na generalidade dos sistemas, e com efeitos bloqueadores na prestação de serviços electrónicos globais em torno das pessoas singular e colectivas”.

A APDSI propõe a generalização a todos os serviços da Administração Pública dos serviços de alteração de morada on-line, já disponíveis na Administração Fiscal e facilmente reutilizáveis através de tecnologia de serviços de internet, sublinhando a ideia de que “há mais de dois anos Portugal poderia ser o país do mundo com o serviço mais automatizado de alteração de morada através da internet, uma vez que quase metade da população portuguesa se encontra autenticada nos serviços electrónicos tributários, apesar de apenas 36 por cento da população ter acesso à internet. Recomenda também a simplificação do processo de pagamento aos fornecedores do Estado, para assegurar que é cumprido o prazo máximo de 30 dias.

CASA NA HORA

INICIATIVA ESTUDADA

 

A APDSI disponibilizou-se para, caso o Governo revele interesse nisso, participar na análise de todo o Programa Simplex, sublinhando a abertura a uma colaboração no sentido de sugerir algumas “soluções avançadas de transformação do funcionamento do Estado, através do uso intensivo de tecnologias da sociedade da informação, tal como fez no âmbito da iniciativa «Reinventar um processo básico da Administração Pública», que se debruçou ao processo de compra de habitação”. A associação diz reconhecer que o Governo se aliou politicamente à iniciativa da APDSI Casa na Hora, louvando o anúncio da Casa Pronta por “constituir uma parte das iniciativas estudadas e propostas pelo grupo de trabalho” da associação.

bottom of page