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Rent-a-car | Uma breve reflexão sobre o sector...

  • Foto do escritor: Carla Teixeira
    Carla Teixeira
  • 29 de ago. de 2021
  • 4 min de leitura

O ano de 2019 não correu nada mal e previa-se que 2020 viesse a ser um grande ano, talvez o melhor de sempre, para as empresas de aluguer de automóveis sem condutor, o chamado rent-a-car. Com as expectativas em alta, os empresários do sector jogaram na antecipação: puseram em marcha arrojados planos de recrutamento, apostaram na formação de novos quadros, incrementaram as suas frotas e dotaram as suas instalações de mais e melhores meios. Um investimento que depressa traria retorno, não fosse a pandemia de Covid-19 que de repente tomou de assalto todo o mundo e deitou por terra quaisquer perspectivas de um desempenho positivo nesta área, não apenas em 2020 mas, dizem os especialistas, pelo menos até 2023.


Percorrendo exactamente o caminho oposto ao que tinha vindo a ser idealizado, a maior parte destas empresas viu a sua facturação sofrer quedas abruptas, na ordem dos 60 por cento: as fortes limitações impostas à livre circulação de pessoas levaram a um acentuado decréscimo do número de turistas, o que por sua vez fez reduzir de forma significativa o volume de reservas, milhares de automóveis que tinham sido acabados de comprar foram de imediato postos à venda e muitas empresas tiveram mesmo de recusar a renovação de contratos a termo e, nas situações mais graves, de avançar para os despedimentos.


Se na generalidade do território português a situação do sector se deparou com uma duríssima realidade, no Algarve, a zona do país em que mais evidentemente o tecido empresarial e de prestação de serviços assenta essencialmente no turismo e no cliente estrangeiro, o cenário tornou-se ainda mais negro: rapidamente aquele que era para ser o melhor ano de sempre para o sector transformou-se numa ténue sombra dos exercícios anteriores, com os meses de Verão, a época alta do rent-a-car em qualquer ano normal, a revelar desempenhos piores do que as épocas baixas dos anos anteriores.


Diminuição das frotas


Apesar da imediata venda de milhares de automóveis e da devolução de um número também significativo às marcas, tornou-se então comum, no Algarve como noutras regiões do país, a existência de "parques de estacionamento" improvisados, com dezenas de automóveis amontoados em terrenos particulares ou simplesmente nas bermas das estradas, certamente à espera de melhores dias.


Paradoxalmente, a grande certeza quanto ao futuro transformou-se na certeza mais evidente para os empresários e para os demais agentes desta área: findo o primeiro confinamento, e quando parecia possível encarar com algum positivismo o futuro, a segunda vaga da pandemia voltou a minar o campo de visão dos empresários, e na mente daqueles que trabalham neste sector começou então a instalar-se o receio de que a crise ainda agora estivesse a começar afinal.


Uma nova quebra no número de viagens de turismo, aliada ao constante vai-e-vem dos que ainda ousavam fazer planos, a todo o momento interrompidos pela dança do abrir e fechar dos "corredores aéreos", e consequentemente pelo cancelamento de reservas criadas escassos dias antes, voltou a atirar o rent-a-car para a situação de enorme indefinição, com as empresas a serem fortemente penalizadas, uma vez mais, pelas decisões de âmbito político e sanitário que iam sendo tomadas aquém e além-fronteiras.


A maior consequência desta nova realidade é facil de perceber: as frotas que tinham sido reduzidas em 2020 voltaram a encolher em 2021, num fenómeno a que não foi alheia também a chamada "crise dos semi-condutores": com as enormes restrições impostas à circulação em todo o mundo e com a quase paralisação de grande parte do sector produtivo, motivada pelo confinamento dos trabalhadores e das famílias, deu-se uma quebra acentuada na produção de peças para a indústria automóvel e, até quando a capacidade produtiva existia, uma grande dificuldade em fazer com que essas peças chegassem às linhas de montagem das marcas.


Para quando a recuperação?


No cenário actual, que continua a ser de enorme indefinição quanto à evolução da pandemia, em que não é ainda possível aferir o real impacto que a vacinação poderá ter sobre o comportamento da população ou sobre o seu nível de confiança no uso de bens e serviços, o sector do rent-a-car continua em stand-by: do lado da oferta é ainda evidente o receio de apostar forte nos próximos meses, já que investimentos grandiosos podem levar anos a ser compensados; do lado da procura a diminuição registada ao longo dos dois últimos anos, sem precedentes em qualquer momento anterior da história desta actividade, levanta ainda alguns temores, pois se de certa forma é inequívoca a vontade das pessoas em voltar a viajar e em retomar o ritmo das suas vidas, há também ainda muito medo da Covid-19 numa grande franja da população mundial.


Parafusinho minúsculo nesta vastíssima engrenagem, permito-me encarar o futuro do rent-a-car com optimismo. Sei que as pessoas querem viajar. Sei que continuam a desejar alugar automóveis, a coleccionar momentos de qualidade com familiares e amigos. Sei que em Portugal temos paisagens sem igual e temos também a nossa capacidade inigualável de bem servir, e sei que essa é a mais-valia do nosso país. Sei que somos bons quando tentamos, quando ousamos, quando nos damos. Sei que na luta pelo futuro temos tudo o que é preciso para vingar. Encaremos o desafio com a coragem de um povo que desbravou mares e conquistou terras! Ousemos ser o que sabemos ser tão bem: bravos e destemidos guerreiros! Vamos a isso?


Carla Teixeira



 
 
 

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